A REVOLUÇÃO QUE ME ENSINARAM resulta da história de uma família que segue para o Brasil durante o PREC e que determinará a vida da autora que passa a viver entre Portugal e Brasil, lidando com a distância e a saudade como elementos estruturantes da sua experiência de vida. O plano autobiográfico e auto ficcional são o motor para a reflexão sobre o Processo Revolucionário e é pela voz de uma criança de 8 anos, que chega a Portugal sem saber porque se faz uma festa no dia 25 de Abril, que se vai compondo a dramaturgia deste espetáculo que expressa o desconforto da criança que é agora adulta, através de entrevistas familiares, diálogos sobre identidade política, conceitos como ‘direita’ e ‘esquerda’ e o medo de não pertença.
"QUANTAS vezes me perguntei se estaria a ser honesta, se não estaria a trair aqueles que amo, se estaria a ter rigor histórico, se não caíra no erro de dizer aquilo que os outros querem ouvir. Queremos estar do lado certo da História, nem que para isso tenhamos de abreviar os factos e retirar a emoção contida nas relações familiares. Não sei se o resultado foi justo, nem todos estarão de acordo, mas fazer teatro serve também para criar diálogos, estar em desacordo num lugar seguro e ensaiar mundos possíveis."
Um espectáculo de teatro, da autoria de Joana Cotrim, que apresenta uma investigação pessoal desenvolvida ao longo dos últimos anos. Desse processo de investigação resultou já um objecto artístico, desenvolvido no âmbito do programa de mestrado em encenação da Royal Institute of Theatre, Cinema and Sound, em Bruxelas, em 2016. O contexto das comemorações dos cinquenta anos do 25 de Abril dá ocasião a uma nova revisitação do material investigado e a um novo processo de criação; mais do que resgatar ou recriar um objeto, propõe-se o regresso a um tema cuja pertinência se agudiza no contexto da efeméride: quantas versões têm as histórias que fazem a História do 25 de Abril e da sua Revolução?